quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Inquiridor único...

"Um dos Mestres nos diz que toda uma geração de inquiridores pode somente produzir um adepto. Por que deve ser assim? Por duas razões:
"Primeiro: o verdadeiro inquiridor é alguém que aproveita da sabedoria de sua geração, que é o melhor produto de seu próprio período e entretanto que permanece insatisfeito e com a aspiração interior pela sabedoria não acalmada. Intui alguma coisa de importância maior que aquele conhecimento e algo de maior importância do que a experiência acumulada de seu próprio período e tempo. Ele reconhece um passo adiante e procura dá-lo para ganhar algo e acrescentar à cota já ganha por seus semelhantes. Nada o satisfaz até que ele encontre o Caminho e nada apascenta o desejo no centro de seu ser exceto aquilo que se encontra na casa de seu Pai. Ele é o que é porque experimentou todos os caminhos menores e os achou insuficientes e submeteu- se a muitos guias somente para achá-los ‘cegos guiando outros cegos'. Nada lhe é deixado senão tornar-se seu próprio guia e encontrar seu próprio caminho para casa por conta própria.
Segundo: o verdadeiro inquiridor é aquele cuja coragem é daquele raro tipo que capacita seu possuidor a permanecer invariavelmente firme e de cabeça erguida e a soar sua própria nota perfeitamente clara bem no meio do turbilhão do mundo. Ele é alguém que tem seu olho treinado para ver além das névoas e miasmas da terra até aquele centro de paz que preside todos os acontecimentos da terra e aquele ouvido treinado atento que (tendo recolhido um sussurro da Voz do Silêncio) se mantém sintonizado com aquela alta vibração e é assim surdo a todas as desorientadas vozes menores dos falsos iniciados.
Uma situação paradoxal surge do fato de se dizer ao discípulo para inquirir o Caminho e no entanto não haver ninguém para apontá-lo. Assim, somente florescem como adeptos em qualquer geração específica aquelas almas que 'tenham pisado o lagar da fúria de Deus sozinhos'.
0 espiritual também se apresenta na vida psíquica como um instinto, mesmo como uma paixão ou, segundo disse Nietzche, "como um fogo devorador". Não se deriva de qualquer outro instinto, mas é um princípio sui generis, uma forma específica e necessária da força instintiva.
Do jogo entre tensões opostas resulta a liberação de relativos excedentes de energia e o natural estabelecimento de declives por onde se: escoe esta energia livre. Com efeito, a história da humanidade demonstra que já o homem primitivo conseguia dispor de cotas de energia para aplicação utilitária no mundo exterior e para operações transformadoras internas, que se realizavam por intermédio da formação de símbolos religiosos de rituais e de atos mágicos. Não está todavia no poder do homem canalizar os excedentes energéticos para objetos escolhidos racionalmente. . Os esforços mais obstinados não serão suficientes se não existir, na mesma direção, um declive natural favorável à canalização da energia. "A vida somente flui para diante ao longo de declive adequado".
É através de transmutações da energia psíquica, da formação de símbolos novos sucedendo a símbolos caducos, esvaziados da energia que antes os animava, que se processa, na sua essência, o desenvolvimento da psique do homem.

 
Kalki-Maitreya

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